domingo, 27 de fevereiro de 2011

Paris

  
Uma das cidades mais visitadas no mundo – junto a New York e Londres – a capital francesa, que mais parece um museu a céu aberto, oferece milhares de opções de visita. Morei quatro meses em Paris, e confesso que não conheci um terço das atrações da cidade. Cafés, ruelas, construções, teatros, museus, galerias, livrarias, restaurantes, cultura, modernismo e tradicionalismo. Uma cidade completa.

Inicio pelo menos óbvio, já que não sou uma viajante adoradora dos mais conhecidos. Tenho interesse pelas culturas, modos de vida e pelo “savoir vivre” de cada povo. Os franceses são muito corretos, incapazes de “dar um jeito”. Tudo é muito bem planejado e claro, sair de casa sem dar uma olhada na previsão do tempo? Jamais!

O que me intriga nos franceses é a forma com que conseguem ser um dos povos mais modernos e liberais da atualidade, mas ao mesmo tempo manterem o tradicionalismo familiar e social dos bons costumes e “finesse” local. Paris respira essa dicotomia e mantém a elegância dos tempos de reinado.

Vamos à parte prática: o metro em Paris é facílimo de usar. Ele é bem distribuído e é possível cruzar a cidade em poucos minutos. Ela é dividida em arrondissements, que são como bairros. Eles são numerados (1º, 2º, etc.) e iniciam no coração da cidade (região da Île de la Cité) e seguem num sentido horário e para fora.

Cito alguns dos meus locais preferidos: Le Marais, bairro boêmio e cultural, onde encontramos antiquários interessantíssimos (na Rua Saint-Paul, acredito que o nome ainda seja o mesmo, há o antiquário Au Bon Usage, de um brasileiro que vive há mais de 15 anos na França), galerias de arte e luthiers dedicados. É o bairro escolhido por inúmeros artistas (locais e internacionais, como Chico Buarque). Nele, encontramos a Place de Vosges, onde fica a casa que foi de Victor Hugo e a charmosa Place Sainte-Catherine.


        
A mesma Rue Saint-Paul nos leva às margens do Sena, onde é possível chegar à Île de la Cité (duas pequenas ilhas no centro do rio), onde encontramos a famosa Notre Dâme, com sua arquitetura gótica, as ruas cheias de artigos turísticos à venda, e o delicioso sorvete Berthillon, eleito muitas vezes o melhor da França.

De Île de la Cité, pode-se chegar ao “bairro latino” (Quartier Latin), cortado pelo Boulevard Saint-Germain, onde encontramos diversos restaurantes, bares noturnos, lojas de discos com vinis difíceis de encontrar. Nessa avenida se encontra o famoso Café de Flore – aberto em 1883 – local onde intelectuais se encontravam para discutir suas ideias. Não se pode fotografar no interior dele, os preços não são atraentes, mas vale à pena sentir a “atmosfera filosófica” do local.


             
Continuando por esta avenida até à Rue de Tournon, chegamos ao Jardim de Luxemburgo, lugar muito agradável para almoçar ao ar livre. Próximo dele encontramos a escola de Medicina, rodeada de livrarias e restaurantes (gregos e tailandeses na sua maioria) a bom preço (menu completo em torno de 15 euros).

Logo encontramos o museu d’Orsay (pronuncia “dorsé”), não muito grande em dimensões, mas que abriga um acervo riquíssimo como obras de Monet, Van Gogh,  Delacroix, Manet, Degas, Renoir e Cézanne. Seguindo em sentido horário, chegamos enfim à Torre Eiffel (pronuncia eifél). Particularmente, não me fascina muito subir em torres, mas conheço algumas pessoas que gostaram muito. Para isso, espere um dia de céu aberto e se prepare para uma fila de no mínimo 30 minutos.

Um lugar onde eu gostava muito de ir era o Trocadero. Local com uma visão linda do Champs de Mars e da Torre ao fundo. Do Trocadero, é possível chegar ao Arco do Triunfo e à Champs-Elysées pela Avenida Kleber.

A Champs-Elysées é uma rua repleta de lojas (Louis Vitton e Spehora, por exemplo), cinemas e também a Lido (casa de shows de música típica francesa – can-can), menos tradicional que o Moulin Rouge, mas também mais barata.

Andando por esta rua desde o Arco, passando pelo Jardim de Tuilleries, chega-se ao Louvre. O museu mais famoso do mundo dispensa maiores comentários, mas é importante frisar que para vê-lo completamente são necessários em média três dias. Por isso, não perca muito tempo em cada sessão.

Atrás do Louvre, na rua de Rivoli, encontra-se a loja de perfumes Benlux. Lá encontramos o melhor preço de Paris, pois eles já descontam as taxas de turismo na fonte e tem atendentes brasileiros, facilitando a comunicação.

Logo na segunda esquina há o Antiquário do Louvre, com relíquias maravilhosas à venda. Mas também caríssimas...



Falemos agora do bairro de Montmartre. Região onde encontramos a Sacre-Coeur, de onde a vista da cidade é lindíssima. Suba pelo “funiculaire” que fica à esquerda das escadarias (além de menos cansativo, é também mais seguro, visto que há sempre algumas pessoas “mal encaradas” nas escadas). Nelas, vimos os famosos carrosséis parisienses, onde foi o palco de uma cena do filme “Lê Fabuleux destin d´Amelie Poulain”.



Ao descer da igreja, encontramos lojas de tecidos dos iranianos que moram por ali. Do metrô Pigalle é possível começar um tour por este bairro, passando pelos lugares frequentados por diversos pintores, como Van Gogh, Picasso, Renoir entre outros.

Paris é única com a sua atmosfera cultural, boêmia, amorosa e perfumada. Muitas são as possibilidades entre as luzes da cidade, que conseguem iluminar surpresas a cada dia.  

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Cruzeiros


Sempre me perguntei “por que os cruzeiros atraem tanto os brasileiros?”. A princípio, esse tipo de viagem sempre me pareceu “plástica”, sem interesses culturais ou históricos; ou seja, vazia. Então decidi fazer uma viagem dessas para entender os motivos.

Os destinos escolhidos foram Santos, Búzios, Rio de Janeiro, Angra dos Reis e durou sete noites. Estava sozinha, pois foi um convite de uma operadora, e não conhecia nem a minha companheira de cabine.

Assim que cheguei pensei: “isso vai ser um martírio!”. Pessoas por todos os lados, tentando se encontrar no novo espaço, cabine razoavelmente pequena (já que estava numa interna) e fila para o almoço (o que ocorreu apenas no primeiro dia).



Primeira dica: caso você vá sozinho a uma viagem dessas, se prepare para ser simpático e conhecer muitas pessoas, pois passar o tempo só pode ser realmente cansativo.

Segunda dica: como primeiro cruzeiro (a não ser que esteja com uma turma animada), não viaje durante sete noites. Acredito que quatro ou cinco são o ideal.

Voltamos ao relato. Logo no primeiro almoço, conversei com duas mulheres paulistas que no decorrer do passeio se mostraram muito companheiras e divertidas. Passamos a fazer as atividades juntas.

Nossos dias eram basicamente acordar, tomar um bom café da manhã, curtir a piscina nos dias de navegação, ou sair visitar as cidades por onde o navio atracou. Almoçávamos em torno das 15h. O navio oferecia diferentes atividades como brincadeiras e aula de dança na piscina, bares internos com músicas ao vivo e, para os jogadores, o cassino. Por volta das 20h30 jantávamos, servidas por um garçom guatemalteco muito animado. Toda noite havia shows com diferentes temas. Para terminar a noite, íamos à discoteca, de onde saiamos direto para o buffet de pizzas.

Os dias são bem aproveitados entre uma programação e outra.

Conversamos com alguns tripulantes. A grande maioria gosta muito do trabalho, outros nem tanto. Esses aceitam o trabalho para ter um salário razoável (em torno de USD 1200 – 2000 dólares/ mês), sem gastos de moradia e alimentação.

A costa brasileira serve como um teste para que sejam selecionados os tripulantes que irão à temporada europeia. Dentre as nacionalidades mais presentes, (exceto brasileira) encontramos argentinos, romenos, filipinos e guatemaltecos. Os atendentes são muito gentis e é possível ter longas conversas sobre “tudo o que acontece nos cruzeiros”.


Existem diferentes estilos de cruzeiros. Cada companhia apresenta destinos, serviços e preços variados. Cada navio tem um perfil, desde os mais glamourosos aos menos glamourosos - já que desconheço a existência de um navio simples. A definição do perfil do cliente para cada tipo de navio é muito importante, pois pode se tornar frustrante para os passageiros viajarem num navio cujos serviços não são o que eles estavam procurando.

Algumas companhias oferecem refeições e bebidas incluídas no pacote. Nesses casos, eu indicaria àquelas pessoas que não se preocupam ou querem exatamente isso: bagunça, boas doses de álcool e muitos pratos. Há também os cruzeiros temáticos, com shows de cantores de renome nacional, de artes, de música, de beleza, de saúde... As opções são inúmeras, basta escolher.

Em relação às compras, mesmo nos navios que fazem a costa brasileira, a moeda aceita dentro do navio é o dólar. Para quem tem cartão de crédito, ele precisa ser internacional. Referente aos preços, eles são razoavelmente parecidos com preços de free shop. Para quem tem facilidade de compras (perfumes, bebidas, eletrônicos) no Paraguai – como o nosso caso aqui no Oeste da região Sul – ou também nos Estados Unidos – os preços dos artigos dentro do cruzeiro não são muito interessantes.



Para concluir, acredito que a experiência tenha sido muito bem aproveitada. Conheci pessoas com as quais manterei contato por muito tempo, assisti a muitos shows interessantes, conheci uma culinária diversificada (o chef era canadense), visitei cidades deliciosas (principalmente o Rio e Búzios), perdi poucos dólares no cassino, descansei e me diverti muito!

Como no início, repito que essa não é uma viagem para quem tem ideal de conhecer profundamente uma cidade, sua história e cultura, mas para pessoas que pretendem descansar e se divertir.